Vi um filme. Silêncio. Que filme? Não sei, não sou desses... Tenho medo de não saber mais ver filmes.
Agora é já. Em dado momento, existe um outro lugar, desejo meu. As metas: Ouvir um sino de pescoço de bode, seguir adiante. E as ogivas de felicidade? Não sei mais dessas, talvez no fim do ano, será um inferno astral? Não! O certo é uma ausência que vira busca, por isso vou, porque preciso.
Chega a ser clichê, mas abro os olhos, os mesmos olhos que teimam em ser objetivas, poéticas lentes, olho a volta, a única coisa que sei é que não lembro de nada, perdi a memória, paro e sinto. Baixa estatura, mulher ruiva. Estranho, me olha como me conhecesse e me da bom dia. Tem filhos, dois. Opa! Não são dela. Existe outra mulher, uns riscos no ombro, eles a chamam de mamãe. Linda mãe por sinal, ela tem um cigarro, o leva a boca lentamente, suave nicotina, traga e me olha com um sorriso escondido na iris, fica claro que somos íntimos o que me deixa mais confuso. Em um tablado, uma cozinha, me pergunto, esse lugar é de quem? Por que estou deitado?
É difícil se entender nos lugares, nas realidades, que são suas por estar ali, mas... Amnésia, você não lembra. Você vive isso? Quando vê, aconteceu.
Abro os olhos novamente, estou em casa. Porque tantas imagens na estante? Não são todas minhas, as conheço exceto uma, um objeto, um pote de cola branca, com um nome bíblico e uma sigla JIII, que talvez a 20 anos atrás conhecesse melhor.
Sala, o balde que guarda a chuva em si, ampara a goteira e a cada gota, ampulheta. O tempo. Olho pra a porta de saída e a seu lado estrategicamente posicionadas as duas coisas mais importantes, minha mala e pendurada na parede descascada, minha cartola. A chuva não para, as gotas... A cartola não esta mais na parede e comigo levo tudo que não lembro. Tudo que não sei quem sou.